top of page

#Exposed na Internet: saiba como realizar um exposed seguro

Texto escrito por Emanuella Halfeld, com contribuição de Yuri dos Santos


Exposed significa a prática de expor relatos de crimes ou maus comportamentos de pessoas nas redes sociais.

A prática de Exposed ganhou grande repercussão durante as últimas semanas. Mulheres de diversos locais do país utilizaram o Twitter para denunciar violências psicológicas e físicas que sofreram por homens.

Em Belo Horizonte, as hashtags #Exposedbelohorizonte e #ExposedBH tiveram mais de oito mil menções entre os dias 30 de maio e 2 de junho. Além disso, uma lista com nomes de supostos agressores da cidade começou a circular, de forma anônima e difusa, pela rede social.

A lista foi transmitida de conta para conta, e atualizada na medida em que era repassada. Além disso, a mensagem “Se sou amiga do seu agressor, me avisa” viralizou na rede, incentivando um sentimento de cooperação feminina contra os abusos sofridos.

Dependendo de como é feita e do contexto, a prática pode levar a resultados indesejáveis para as próprias vítimas das condutas descritas, que utilizam a hashtag, incluindo responsabilizações cíveis ou criminais. Do lado daquele que é “exposto”, pode levar a uma superexposição que pode trazer uma série de danos, das mais variadas ordens, inclusive psicológicos.

Há formas de se utilizar da hashtag #exposed de forma mais segura, de modo a diminuir os potenciais impactos negativos de sua utilização, sendo que algumas ideias serão abordadas ao longo deste texto. Além disso, existem órgãos e instituições que podem auxiliar as vítimas de potenciais condutas que levam à utilização da hashtag.


A importância do Exposed


Embora também apareça em outras situações, o movimento #Exposed está situado em um contexto de invisibilização da violência contra a mulher. É possível perceber a prevalência de denúncias que expõem, como agressores, pessoas próximas: namorados, familiares, professores, vizinhos. Tal situação se dá pelo medo de se formalizar uma denúncia, dificuldade de recolher provas, medo do descrédito, ao perigo de retaliação e, ainda, a uma descrença ou desconhecimento do funcionamento da justiça para responsabilização do ofensor.

Nesse sentido, algumas usuárias se sentem mais seguras e confortáveis em fazer o relato nas redes sociais - às vezes, inclusive, contando com o auxílio de páginas que recolhem e publicam denúncias anônimas. Muitas das garotas envolvidas no movimento virtual são menores de idade, e veem a internet como um ambiente mais confortável para a denúncia do que a procura por autoridades policiais.


Cuidados necessários: evitando o linchamento virtual


O #Exposed tem se tornado forma essencial para visibilização de problemas sociais. Apesar disso, os usuários das redes, no geral, devem ter cautela antes de agir sobre as informações de uma publicação de denúncia, principalmente no que diz respeito ao ataque pessoal da pessoa denunciada.

Um caso recente envolvendo o Youtuber PC Siqueira, ainda que não tenha sido devidamente investigado ou comprovado, viralizou nas redes. O Youtuber foi alvo de diversos xingamentos e de condutas ainda mais graves, como induzimento ao suicídio e apostas públicas sobre quanto tempo levaria até que tirasse sua própria vida. No passado, PC já falou abertamente em seus vídeos sobre enfrentar sofrimento mental, como depressão, ansiedade e alcoolismo.

O calor das redes não pode incentivar discursos de ódio que podem ter consequências psicológicas graves para a pessoa que o recebe. O sofrimento mental é uma pauta séria, que não deve ser tratada de forma corriqueira na Internet. Além disso, no Brasil, incentivar ou induzir uma pessoa a suicídio é crime, com pena prevista de 6 meses a 2 anos de prisão, de acordo com o art. 122 do Código Penal.


Como realizar um exposed seguro?


Apesar da importância do exposed, no sentido de criar um ambiente seguro para o compartilhamento de experiências, é necessário tomar precauções contra consequências indevidas desse tipo de exposição.

Muitas vezes, a denúncia virtual envolve a publicação de fotos do suposto agressor, e de dados pessoais como nome, endereço, e até mesmo CPF.

É necessário evitar exposições que possam vir a prejudicar a própria vítima que expõe a violência como consequência indesejada. Isso porque uma pessoa que tem violado seu direito de imagem, com a exposição de sua foto sem devida autorização, ou que é vítima de um crime contra a honra, ao ser ofendida ou acusada publicamente de um crime pode pedir indenização na justiça cível ou realizar queixa-crime na justiça criminal.

Listamos, aqui, algumas dicas práticas para se fazer uma exposição segura:


  1. É possível expor provas, mensagens, fotos ou até mesmo o boletim de ocorrência a respeito do comportamento denunciado, mas evite revelar elementos que possibilitem a identificação do agressor.

  2. Deixe de fora xingamentos ou acusações que imputem pessoalmente um crime que você ainda não possa provar - pode ser que você seja chamada para depor ou comprovar aquilo que foi exposto.

  3. Realize uma denúncia formal e procure auxílio dos mecanismos da rede de proteção de violência contra mulher já existentes.

  4. Uma boa prática é divulgar os canais formais de denúncial! Isso auxilia que outras pessoas consigam acesso à informação e meios de se conseguir uma reparação pela justiça.


Qual a rede de apoio que posso procurar em Belo Horizonte?


  • Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente - (31) 3228-9000, Avenida Nossa Senhora de Fátima 2175, Carlos Prates

    • Você pode realizar o contato por telefone. É possível que receba um retorno solicitando informações, como o nome das vítimas. Além disso, também é possível que seja oferecida ajuda psicológica antes da coleta dos depoimentos.

  • Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência - Disque 180

  • Delegacia - Divisão Especializada em Atendimento à Mulher, ao Idoso, à Pessoa com Deficiência e Vítimas de Intolerância (Demid) - Agendamento de atendimento por telefone (31) 3330-5752 ou (31) 3330-5715

  • Promotoria de Justiça da Defesa da Mulher de Belo Horizonte - Tel (31) 3337-6996 ou mariadapenha@mpmg.mp.br

  • ISA.bot: oferece recursos de segurança e informações sobre como agir em caso de agressão. Pode ser acessada diretamente do Facebook (chamando seu perfil no messenger) ou do Google Assistente (dizendo “OK Google, falar com Robô Isa”).

  • MG Mulher: Rede colaborativa de contatos para a vítima acionar de forma rápida caso se sinta ameaçada

  • Saúde: Centro Risoleta Neves de Atendimento à Mulher - CERNA (31) 3270-3235/ 3270-3296

  • Assistência Social: Centro Especializado de Atendimento à Mulher - BENVINDA: (31) 98873-2036

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page